Você pensa que faz o que quer
Não faz
E que quer fazer o que faz
Não quer
Tá pensando que Deus vai ajudar
Não vai
E que há males que vêm para o bem
Não vêm
Você acha que ela há de voltar
Não há
E que ao menos alguém vai escapar
Ninguém
Paro pra pensar
Mas não penso mais
De um minuto
Sem pensar em alguém
Que não pára pra pensar em ninguém
Você acha que eu tenho demais?
Roubei
Você acha que eu não sou capaz?
Matei
Renasço a cada instante
A cada folha que pai
Ou a cada palavra rabiscada no papel
Renasço nos quadros rabiscados a giz
Não existem verdades
Foram todas construídas
O super-herói de ontem
É hoje o corrupto de amanhã
A idéia é pré-formada
Para formar falsas verdades
Mais verdadeiras e compreensivas?
Somos sementes da História
Construídas e difamadas
Não pertencemos a ninguém
Somos do mundo
Somos da História
Quem decide o nosso futuro
É o nosso passado
Não passamos de máquinas do governo
Que do luto apertado nada esperado
É nada mais do que normal...
Já estava escrito bem antes de eu saber
Você viria sem ao menos eu perceber
Dona de um olhar tão grande
De um sorriso que me entrego
Já estava pronto e eu nem sabia
Não era tarde... olhando pra você
Meu escuro fica sempre dia
É estar bem perto dos seus abraços
É lembrar dos afagos
Já entendia onde ia chegar
Você passou e eu pude notar
Nos meus caminhos
Você tornou uma estrada
Seu presente tá no meu passado
Seu futuro tá guardado
No meu peito hei de carregar
Teu brilho que também tá no meu olhar
Declaro em pequenos versos
Mais inversos que possam ser
Como um mito criado
Numa canção incerta
Certa de se crer
Num conto que há muito escutei
Divulgado numa caverna
Que um dia direi
Sei que realmente nada sei
Dessa trova tão diversa
Sem pé nem ao menos mão
Formam estrofes de poemas
Pra poder terminar numa canção...
Mas você nem me queira
Esconder essa paixão
Da vida e aluada
Estrelas que se mostram
Como um manto no céu
São na verdade luzes dos seus olhos
Reluzindo o seu encanto...
Tô com saudade do ontem
Daquela grama molhada que fazia cócegas em meus pés
Tô com saudade daquele seu olhar alegre
Que me inspirava
Pra eu escrever nos meus sonhos
Cada estrela que via nos seus
Tô com saudade do céu há muito no passado
Onde se escondiam os planetas
E que ainda giravam para mim
Só pra mim...
Tô com saudade dos seus versos
Rubros versos
Da voz aveludada e tênue
Que encantava os meus ouvidos
Tô com saudade dos carinhos tortos
Dos apertos escorregadios cheios de emoção
Que para mim era valia mais do que a imensidão
Saudades até mesmo das noites mal dormidas
Da liteira carregada por braços fortes
Descritas nos caros papeis manchados
Tô com saudade do ar fresco
Das palavras cansadas
Do sonho mal dormido
Da alegria que me esperava
Tô com saudade de mim...
Quase um quasímodo
Uma imagem frágil e torta
Torta tortura...
Com suas palavras de mal grado
E gestos ousados e indiscretos
Vão formando uma teia de intentos
“os humanos me assombram...”
Somos a imagem e semelhança de aparências
O perfeito existe na visão do outro
O humanismo não existe
O humano já não existe mais
O que existe são números e belos rostos fatídicos
Agora é difícil de entender
Que para ver o amanhecer
Não é mais como o de ontem
Que sempre esperava o mais claro
Os dias se tornaram mais escuros
“os humanos me assombram...”
As cores agora estão escondidas
Numa cinzenta aquarela...
“os humanos me assombram...”