Impunidade
Injustiça
Insegurança
Incapacidade
Intolerância
Insatisfação
Incerteza
Quantos mais “ins” vamos ter que colocar em nossas vidas?
Aprendi há certo tempo que para ser cidadão temos que nos mostrar como um... temos que nos valorizar... temos primeiro que exercer nosso ato de cidadania... Temos que votar. Mas para que adianta o voto se continuamos sem segurança na cidade? Para que dedicamos parte de nossas vidas educando pessoas, ensinando que o melhor caminho é acreditar no homem, é acreditar naquele representante público. E nada faz para melhorar nossa segurança?
Ética, cidadania, educação, respeito, solidariedade, otimismo, utopia. São palavras muito bonitas que ensinamos e aprendemos nas cadeiras das escolas. Mas... diante de situações que nos deparamos com a desvalorização do homem, daquele ser humano... daquele mesmo cidadão que trabalha... daquele que paga contas e continua a viver da impunidade dos outros... como mostraremos ser cidadãos? Como queremos ser cidadãos? Se à nossa margem estão pessoas capazes de se mostrar vorazes a essa massa que ainda acredita que estão sendo ouvidos por nossos representantes.
Diante da História nos deparamos com diversos casos de atrocidades, vivemos hoje num mundo de violência e intolerância, onde mulheres são violentadas a cada minuto, crianças não são vistas mais com os mesmos olhos de inocência e pureza, somos hoje uma geração falida que preza a ignorância e até mesmo um descrédito que adotamos diante de um governo omisso e débil. Tornou-se banal a palavra pedofilia e agressão. Foi-se o tempo em que se falássemos palavrão dentro de casa levávamos uma palmada ou nossos pais lavariam nossas línguas com sabão. Vivenciamos agora uma geração que não visa o conhecimento e a sabedoria, aquele esforço para ganhar os pontos do bimestre são distribuídos em troca de ameaças e atos de vandalismos.
Sempre ouvimos falar que a ocasião faz o ladrão e a ocasião também faz o assaltado. Rouba-se bens materiais, mas também rouba-se o pudor e a dignidade do homem! Não temos o prazer de estar sempre mais bem apresentáveis porque aí nos tornamos um alvo fácil... a seta cai direto em nossas cabeças, letreiros luminosos nos apontam como “hoje você foi o sorteado”... Pois é, nos tornamos os “bacana”. Nos sentimos o pontinho vermelho no meio de muitos pontinhos alvos e negros.
Ser bacana epistemologicamente falando seria uma pessoa legal, inteligente, sociável e educado, uma pessoa boa para se conviver. Entretanto na sociedade de hoje em dia, nos deparamos com seres humanos que de humanos passaram longe. São pessoas que já se consideram uma parte marginalizada da sociedade e fazem por onde continuar no mesmo lugar à margem. Será que eles já ouviram falar de uma coisa que são os “direitos humanos”? Acredito que não, porém, eles estão mais preocupados em saber o que significam as designações “um cinco sete, vinte e dois, um sete um”
[1]. Ahhh... eles também não vão entender o que significa a palavra designações!
O conhecimento, para o marginalizado é para formá-lo na escola da vida. O marketing que aprendem não passa de formas de abordagem, (perdeu, perdeu!), o melhor ângulo para tomar a sua mochila, o momento certo para a apresentação e também se preocupam até com a despedida (rala peito truta!). Afinal, a aprimoração leva à perfeição!
Somos vítimas de uma sociedade que está engolindo uma outra sociedade. Hobbes já dizia “o homem é o lobo do homem”. Pois bem, mostramo-nos ainda mais incapazes diante dessa comunidade em que fazemos parte, e somos apenas um entre milhares que já sofreram com toda essa violência. A fereza não é só apenas o ato de te furtar... mas lembrar o tempo inteiro e ainda ter que sonhar com aquelas imagens são ainda piores, pois, aí percebemos que somos torturados por mais tempo ainda.
Diante de situações de violência a sensação que temos é de impotência. Quantos já viram o seu salário ir embora nas mãos de um assaltante, o seu celular que ainda faltam três prestações a serem pagas sendo vendido na esquina ou mesmo trocado um uma “carreirinha” e simplesmente não poder fazer nada?!. Assim, essa impotência se torna cada vez mais abrangente, afinal, se pedirmos o crachá do local do nosso trabalho ou o chip do seu celular para o ladrão – mesmo que seja com toda a educação que você aprendeu a ter – é perigoso você ganhar um bilhete para encontrar o caminho da luz...
Termino esse desabafo com uma frase de um não tão querido escritor meu Paulo Coelho: “O tolo não vê a mesma árvore que o sábio”
[1] Art. 22 - Coação irresistível e obediência hierárquica. Art. 157 – Roubo. Art. 171 – Estelionato. In: Código Penal Brasileiro, 1940.