Certo dia...
Posted byUm dia escutei um anjo...
Ele não falava... ele cantava...
Um dia eu vi um anjo...
Ele não tinha asas... tinha um violão...
Um dia senti um anjo
Perto de mim...
Somente o homem é capaz de criar e fazer de suas palavras os seus verdadeiros sentimentos...
Tudo existe um porquê
Mas meu peito se fecha para as respostas incrédulas da vida
Sou como uma borboleta em metamorfose
Sem entender o que aconteceu no ontem
É difícil compreender todo o desalento que a vida proporciona
Não busco marcas... estradas...
Busco soluções
Vejo-me num labirinto cuja saída não sei onde é
Contudo, sei onde posso chegar.
A pressa é minha inimiga
Mas anda comigo lado a lado
Somos companheiros um do outro
Impedindo assim o encontro com a perfeição
As bolhas que flutuam no céu já estouraram
Dissiparam num universo sem fim
A alteridade se desfaz em segundos
Em segredos...
Em medos...
Em desejos e cifrões...
O toque da trombeta vai chegar
Um dia vou acordar
E esse desalento vai acabar?
Desalento...
Há muito persigo o destino
E desvio do meu
Sei das verdades da vida
Sei dos sonhos vividos
Insisto em não acordar
Aceito minhas palavras
E revogo minhas respostas
Atordôo meus pensares e pesares
Sou um mero vagante nesse mundo de meu Deus
Onde me encontro entre estrelas
Viajo nos pesadelos
Reflito a beira do abismo
Venta forte...
Desalento...
Procuro as asas esquecidas
Planto sementes da verdade
Insisto em insistir
Revejo... vejo... desejo...
Leio em linhas tortas
Mas não vejo as respostas
As imagens tornam-se cada vez mais abstrata
Se emolduram em paredes
Tornam-se rígidas
Frígidas... frágeis...
Persigo meu caminho
Desajeitado...
Desanimado...
Desencantado...
Mas ainda persigo...
Presisto...
Meu coração anda apertado nesse inverno
Inverno gelado
O frio queima minha boca
E gela meu peito
Congela o meu sangue
Transformando-o num sangue de barata
Engulo sapos
Encho meus tanques de ignorância
E vejo hipocrisias
Não entendo as palavras
As passagens
Os versículos e versos
Não enxergo o amanhã
Vejo apenas o meu presente passado
Findando os meus dias
Nas mais intensas e internas linhas
Espero o outono
Como fonte da renovação
Que as folhas velhas e secas caiam
Deixando apenas luz ao meu coração
Serei luz
Serei eternamente jovem
Na mente das pessoas
Me verão sempre assim...
Como o verão
Quente e chuvoso
Intenso e feliz
Serei a primavera
Nas suas mais belas cores
Perfumes e sabores...
(trecho do livro O Pequeno Príncipe - Antoyne de Saint-Exupéry)
E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
Asas para voar
Sonhos para sonhar
Lágrimas para enxugar...
Lábios para se tocar
Braços para se abraçar
Olhos para brilhar...
Desejos para sentir
Histórias para se contar
Dinheiro para se gastar...
Livros para viajar
Viagens para descansar
Papel para rabiscar...
Tinta para se sujar
Ônibus para se atrasar
O verbo para se expressar...
Música para cantar
Poemas para encantar
Amigos para apoiar...
Amor para viver
Vida para um dia morrer
Morte para renascer...
Palavras para decifrar
Letras para musicar
Borracha para apagar...
Versos para rimar
Incenso para queimar
Flores para perfumar...
Ponto final para acabar...
Autor :Fernando Anitelli
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase
Nem a vírgula e ponto final
Afinal, a má gramática da vida
Nos põe entre pausas
Entre vírgulas
E estar entre vírgulas
Pode ser aposto
E eu aposto o oposto
Que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples
Um sujeito e sua visão
Sua pressa e sua prece
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para a nossa oração
Adjuntos ou separados
Nominais ou não
Façamos parte do contexto
Sejamos todas as capas de edição especial
Mas, porém, contudo, todavia
Sejamos também a contracapa
Porque ser a capa e ser contracapa
É a beleza da contradição
É negar a si mesmo
E negar-se a si mesmo
É muitas vezes encontrar-se com Deus
Com o teu Deus
Senhoras e Senhores
Que nesse momento em que cada um se encontra agora
Um possa se encontrar ao outro
E o outro no um
Até por que
Tem horas que a gente se pergunta...
Porque é que não se junta tudo numa coisa só?
Sorriso amarelo
Olho azul
Sonho em preto e branco
Gotejado de vermelho sangue
De uma aquarela sem cor...
Falta cor?
Furta cor... furta a cor
Negro
Preto
Ébano
Moreninho que seja
carvão
Rosa?
Róseo!
Cor-de-rosa. Cor da rosa. Corda rosa.
Uniforme rosa...
Falta tinta
Falta tempo
Falta imaginação...
Falta espaço
Falta acento
Sobram hífens
Mudam sons...
Mudam sentidos...
Não tem sentido...
Não tenho sentido...
Nem tão longe
Nem tão perto
Apenas no fundo do meu coração
Aquele que bate mansinho
Descompassado com meus passos
No ritmo do trânsito
No meu ritmo...
Às vezes meio apressado
E sempre desajeitado
Bate forte
Ao espelhar nos olhos seus
Bate triste
De saudade da morena
Sou alma e coração
De uma visão atenuada
Antenada
Alienada...
Entediada...
Quem é você?
Que sei que gosta de mim
Que se diz assim
Quem é você?
Quem é você?
Que um dia me fez respirar
Que disse pra longe eu buscar
Que junto iríamos estar...
Quem é você?
Que mudou o seu caminho
Que me deixou sozinho
Com vontade de chorar...
Quem é você?
Que ainda não conheço
Mas que diz me conhecer
De uma maneira incompleta...
Quem é você?
Que escutou o meu canto
Enrolou-me ao seu manto
Mas me deixou em prantos...
Quem é você?...