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Meu mundo de cabeça para baixo

Posted by Breno Marqs


Meu mundo vira e volta
Volta a cair
Cai nos braços amargos
E se encharca de sal

Meu mundo em minutos de sorrisos
Com brilho nos olhos e molduras momentâneas
Rezo para a chuva passar
Rezo para o sorriso durar

A cada bate estaca em meu peito
Vivo um momento de angustia
Crio penumbras em meus olhos
Desatino a não pensar

O caminho seguinte
É só meu
Meus erros, meu presente
Não é de afeto que se vive
É de fato que eu vivo

Da janela do quarto a poesia escorre
Junto das águas que rolam sobre os telhados
E nas linhas da filosofia
Encontro mais saberes que me encabulam as ideias

Não encontro o ar limpo
Não encontro o sonho claro
Não encontro límpido olhar

Meu peito dói
Acalmo suas batidas
Rijo as mãos trêmulas
Fixo meus pés no chão...

Meu mundo de cabeça para baixo
Giro em torno do meu eixo
Quem sabe ele volta pro lugar...

Meu mundo de cabeça para baixo
Sem lugar pra fixar
Espalho-me por entre os dedos
Na turbulência que teima a ficar...

Meu mundo de cabeça para baixo
Guia-me em quadros
Em formas e fórmulas
Ensina-me a amadurecer...

Mais tinta no vermelho

Posted by Breno Marqs

Rubro
Tinto
Encarnado
Amor

Paixão
Da bandeira comunista
À estrela presa ao peito
E caída no mar...

Carmim aos lábios teus
Bordô nos cabelos soltos soprados pelo vento
Escarlate nas unhas a pintar...

Vermículo
Brasil
Nariz do palhaço
Envergonhado

Ictiol
“... vermelhado, vermelhisco, vermelhante, vermelhão!”
Boi Garantido
Coração...

Social
Ira
Fogo
Revolução!

Carmesim
Purpúreo
Rubente
Rúbido

Oriente
Morena ruiva
Vermelho sangue
Entre as linhas do jornal

Atomatado
Rubicundo
Nas telas
Na boca do vampiro
Rubi
Sanguíneo

Nada mais que vermelho...

Imaginarium

Posted by Breno Marqs


Vivo dentro de uma bolha de ar
De sonho
Sonhando acordado
Escuto os clarins ao fundo de minhas memórias

Procurando meu futuro numa folha de papel
Tentando marcar a resposta certa
E na balança o meu coração balança
Embala-se de lados diversos
Mas não saio desse muro de incertezas

Meu peito explode
Arrancam-se todos os arames que o sustenta
Tira de mim essa agonia
Faço-me sentinela dos meus próprios dizeres
A pressa agoniza meu olhar
Que se acinzenta com o tempo

As linhas das mãos aparecem agora também no rosto
Preocupa-me o tempo passar
O cabelo a cair
E a vida a andar...

O que posso fazer para te ajudar?
O que posso fazer para me ajudar?

Nesse mundo pseudo-democrático
Falso-tolerante
De máscaras de carnavais passados
Presentes em nossas vidas

Calo-me nas calúnias do dia
Prefiro lutar contra moinhos de vento
Dragões e cavaleiros
E perceber a fantasia ainda quimera

A boca fala o que está cheio o coração
As mãos escrevem o que o coração não consegue dizer
E os olhos lêem o que as mãos se apressam a narrar...

Fiz uma canção pra ela

Posted by Breno Marqs

Fiz uma canção pra ela
Derradeira confissão
Quis lançar pela janela
Pra abrandar nossa atração
Fiz uma canção pra ela
Na mais bela tradução
De igualdade e autonomia
Ao teu corpo e coração
Mas a distância ingrata
Fez essa tal serenata
Não chegar nem na ladeira
Quem dirá na cabeceira
No motivo e na razão
Essa agonia que não cessa,
A minha rima que tem pressa...
Essa agonia que não cessa,
A minha rima que tem pressa...
E força pra por a nossa história em seu lugar
Liberdade tem seqüela traz idéia e formação
Afrontar toda fronteira
Aclamar a gratidão na vida de sentinela
A vida de sentinela
Mas a distância ingrata
Fez essa tal serenata
Não chegar nem na ladeira
Quem dirá na cabeceira
No motivo e na razão
Essa agonia que não cessa
A minha rima que tem pressa
Essa agonia que não cessa
A minha rima que tem pressa
E prontidão pra por a nossa história em seu lugar
Vou armar minha rede na nuvem...

(Teatro Mágico)

Rascunho

Posted by Breno Marqs


A pena no papel

Rege minhas palavras
Destacadas com nanquim
Acentua-se numa partitura de orquestra
Crio frases... Ases...

A pena rascunhada também
Nas asas do querubim
Serafim
Será o fim?...

Reinvento preces
Disserto num deserto certo
Perto de acontecer
Amortecer... a morte ser...
Aparecer... a par e ser...

Rascunho vivo
Empoeirado
Em pó e irado...

Deleito-me nas rimas
Acrósticos absurdos
Recitados em Dó maior
Lá no Sol um tanto menor...

Rascunho em trovas
Odes e prosas
Novelas desenroladas em novenas
Poemas simples tirados do coração...

Letras cursivas rascunhadas no chão
Ao lado do telefone
Num convite à moda antiga
Esperando o amor passar...

E vou nesse papel
Amortecendo minhas palavras
A morte sendo em minhas angústias
Rascunhando meus devaneios...

Bons Ventos

Posted by Breno Marqs


Não me faça sentir saudades
Não me trate sem maldade
Não me deixe assim pra trás

Faça de mim suas vontades
Tenha fé e leve pra longe
O desenho que um dia eu fui buscar

Crie vida
Faça o céu
Rabisque tudo num pedaço de papel
Mostre-me o sorriso sincero
Um tanto quanto amarelo
A vontade de me ver dentro dos seus olhos...

Bata aqui dentro do meu coração
Encante-me com sua canção
Levante-se comigo
Ajude-me a caminhar

Abra a porta da sua vida
Deixe na pele um sinal...
Viva a vida até a morte
Busquemos a nossa sorte!

Para e veja
Não se esqueça
Sou eu quem estou aqui
Dando-te o meu carinho
Recitando aqui sozinho

No seu escuro vou acender a luz...
A luz do sorriso
A luz dos olhos
A luz nos seus cabelos...

Back to black

Posted by Breno Marqs

Apenas há alguns meses eu descobri Amy Winehouse de uma forma mais intensa. Sempre fui um tanto quanto cético em relação ao que se diz música internacional, porém, o seu timbre me fez escutar com outros olhos.
Hoje, não me espanta a sua passagem repentina. Logo, aqui, onde eu posto os meus sentimentos em palavras, não vou deixar de dizer que fiquei triste, pois, realmente fiquei. O jeito doido, a voz grave, o cabelo retrô, os excessos em excessos...
"Back to black", é uma das músicas que eu mais tenho escutado dela nos últimos tempos por diversos motivos. "You know I'm no good" vem me acompanhando no ônibus nas saídas diárias da estação. "Valerie" uma das minhas preferidas está constantemente na minha cabeça.
Bom, não sou "o fã" pra ficar aqui falando e exaltando alguém que tanto procurou o seu desfecho, mas gosto de coisas de qualidade, que soam em harmonia aos meus ouvidos e bem sei que Amy é algo interessante para se ouvir.

Acrostiquinho

Posted by Breno Marqs

Começou em um dia

Amanhecendo o meu ser
Mostrou-me a poesia
Inspirou-me a escrever
Lembro-me do dia
Ao que você apareceu...

Não existe a sonata
Em tudo você está
Inteiro e guardado
Brisa forte a voar
Elevo-me ao som
Ruído rosa a soar
Tendo tudo bem aqui...

Como sempre escrevo em versos
Adversos possam ser
Minha vida paralela
Intensamente passando a entender
Longe... longe...
Ao menos sei onde te ver...

Nenhuma trova está guardada
Eu aprendi a dividir
Internamente
Basta somar meus caminhos
E chego ao seu destino
Ruas, avenidas... asa da imaginação
Tangem meus sentimentos e garantem uma canção...

Crio versos
Assim escrevo
Mato minha sede de sentir
Ilhado no espelho
Lembranças refletem aos meus olhos
Atuo... registro... me vejo...

Desabafo

Posted by Breno Marqs

Faço das palavras da professora Amanda Gurgel as minhas próprias palavras. Não entendo como um governo como o nosso, com uma força histórica tão grande possa ser omisso quando o interesse é a Educação. Não temos um sentimento de equidade, de alteridade... Enquanto nossos amigos de uniformes sociais negros estiverem pensando em seus aumentos, teremos o que?
"Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro." (D. Pedro II) - Cito essas palavras para pensar um pouco... como preparar homens do futuro, sendo que desde a colonização temos um histórico de defasagem educacional. Me poupe senhor imperador! Você mesmo priorizou outras coisas além da educação nacional! Acredito que se o senhor estivesse vivo não pensaria em ser professor não... pelo menos, não de uma escola estadual de Minas Gerais! Caso fosse, com certeza não poderia usar as jóias da Coroa em sala de aula, elas poderiam virar armas contra o vosso nobre corpo...
Ser professor então é... é... é complicado!  Não desmereço os investimentos que façam nas estradas, na saúde pública - acho é muito certo - porém, contudo, entretanto, todavia, no mais, e, o setor educacional brasileiro, onde fica? Como nossa amiga Amanda Gurgel diz: "Não me peçam para mudar o Brasil com um quadro e um giz." Precisamos de reconhecimento. De salário digno, por quê não? De melhores condições de trabalho. De segurança. De formação acadêmica... Viver, não subviver...
Lembrando ainda que, todos nós precisamos de um professor. Qualquer um...

Magramática (Fernando Anitelli)

Posted by Breno Marqs



Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase
Nem a vírgula e ponto final
Afinal, a má gramática da vida
Nos põe entre pausas
Entre vírgulas
E estar entre vírgulas
Pode ser aposto
E eu aposto o oposto
Que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples
Um sujeito e sua visão
Sua pressa e sua prece
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para a nossa oração
Adjuntos ou separados
Nominais ou não
Façamos parte do contexto
Sejamos todas as capas de edição especial
Mas, porém, contudo, todavia, não obstante
Sejamos também a contracapa
Porque ser a capa e ser contracapa
É a beleza da contradição
É negar a si mesmo
E negar-se a si mesmo
É muitas vezes encontrar-se com Deus
Com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse momento em que cada um se encontra agora
Um possa se encontrar no outro
E o outro no um
Até por que
Tem horas que a gente se pergunta...
Porque é que não se junta tudo numa coisa só?

Ode

Posted by Breno Marqs

Falta inspiração pra escrever
Pra respirar não falta
Falta o tempo e paciência
Falta tanta coisa
Até mesmo as minhas palavras que se foram...

Criei imagens... desenhos...
Criei minhas asas na frente de um computador
Rabisquei meus sonhos num papel
Desenhei sem ao menos usar cores...

Vejo traços...
Respingados pela aquarela monocromática 
Falta espaço no meu pensamento
Sobra espaço no meu peito
Vazio esse que se cobre de saudade
E se acaba com um abraço... ou quem sabe um sorriso...

Dos pixels vejo apenas a tez
Dos sons ouço apenas uma vez
Não tenho inspiração...
São apenas trocadilhos
Rimas... trovas... odes...

Tenho medo do futuro
Meu presente já se foi
Transformou-se num passado
Remoto de um controle que quebrou
Transformaram-se em lembranças...

Da bela... da bordada flor...
Sinto um desejo de me entregar em seus abraços
Do ébano sempre o terno carinho
Do digital um destino?

 Minha auréola...
Na verdade nunca a tive
Mas sempre desejaram
Afinal, sou anjo para voar?

Sou príncipe de um asteróide
Dono do meu mundo
Do meu coração
Ab initio...
Ab aeterno...
In perpetuum...

O tempo

Posted by Breno Marqs

O tempo realmente não para
O mundo gira ao meu redor
E nada acontece
As coisas vão se dissipando
Se dispersando
Esvaziando no meio do meu tempo
O tempo é curto
É rápido
Basta apenas um piscar de olhos para ele se fechar
Basta apenas um vento para ele passar
Basta apenas um endereço errado para se perder no tempo...
É... o tempo realmente não para...
Cirandas de insones
Rodopiando no meio da noite
Giro em torno do meu tempo
Giram em torno do próprio umbigo
Se cercam de risos... imagens... de cercas!
O tempo passa para quem fica
O tempo congela no sorriso na foto de quem se foi
O tempo não dá tempo a ele
Segue seu caminho
Marca o passo das noites entregues aos embebedados das esquinas
Certo o tempo do livro
Certo o tempo do calendário
Tempo de sobra pra viver
Mas tempo contado para morrer
Marco e marcas de tempo
Deixadas no coração
Cicatrizadas pelo próprio tempo
É tempo de chuva... de frio... de calor...
Tempo de seca
Tempo de reza na varanda
Tempo ao tempo...
Agora já é tempo de ir dormir...

Sonhozinho...

Posted by Breno Marqs


Queria fugir da realidade

Estar num planeta só meu
Revolver os meus vulcões
Tirar um ou outro babobá
Regar a minha rosa
Amar a minha rosa
Cativar a minha rosa...
Queria fugir da realidade
Viver no asteróide
Onde não tivesse mais a televisão
Onde não tivesse mais o sangue no jornal
Onde a morte não mais cantaria nos rádios...
Queria fugir da realidade
No meu pedaço de castelo
Voltar no tempo que as crianças iam pra escola
E voltavam para suas casas
Sonhar com o amanhã seguro
Com um beijo escondido...
Queria fugir da realidade
E pensar que tudo é sonho
Que a poesia ainda existe
Que a vida ainda é para ser vivida...
 (ilustração: Bruno Mota)